Rio Claro: uma história de preservação em Jataí

Texto: Luiz Carlos Pereira Borges e Ulysses Gusmão de Oliveira

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A história da ocupação de Jataí – GO está estreitamente ligada ao Rio Claro e seus afluentes. O Rio Claro passou, desde seus primeiros registros, ainda no século XIX, por transformações significativas, visto que o desenvolvimento econômico na região e a evolução nas técnicas, maquinário e atividades no setor agropecuário, contribuíram para a transição da relação de subsistência da população, para uma produção agrícola moderna e tecnificada, que juntamente com o crescimento demográfico, intensificaram os impactos ambientais, tornando a gestão da água, no mínimo, desafiadora.

O Rio Claro é de fundamental importância para o município, pois o abastecimento urbano é realizado pelo manancial. E toda a rede de drenagem do território de Jataí é tributária dele, daí a preocupação de que toda e qualquer ação sobre o território possa provocar desequilíbrio ecológico e/ou limitar o aproveitamento hídrico do mesmo.

Nessa perspectiva, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo – SMMAU participou, em conjunto com a Associação de Amigos do Rio Claro – Ama Rio, de uma vistoria ambiental no Rio Claro em 2018. Foram percorridos 39 quilômetros a partir do ponto de capitação de água bruta, na Estação de Tratamento de Água – ETA da Saneago.

No percurso foram observados locais com assoreamentos formando bancos de areia nas margens, pontos de desbarrancamentos e trechos com margens desprovidas de matas ciliares ou com largura inferior a estabelecidas pela legislação ambiental vigente. O relatório, além de realizar o diagnóstico ambiental, indicou as ações de intervenção para solucionar os problemas, a médio e a longo prazo, como se segue:

Para o problema dos bancos de areia formados recomenda-se a execução de dragagem e a retirada dos troncos de árvores do leito.

É importante fazer um trabalho de conservação de solos em toda a bacia à montante junto com produtores rurais com apoio de órgãos públicos entidades para que o problema não continue ocorrendo.

As margens desprovidas de matas ciliares ou com faixa muito estreita deverão ser recompostas com plantio de espécies nativas do local.

Como ações de proteção e conservação, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo desenvolveu o Programa de Proteção do Manancial de Abastecimento Público, que tem como objetos proteger a área em volta do ponto de capitação de água bruta utilizada pela população. As ações envolvem a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e empresas ligadas ao saneamento básico.

Em 2018, foi instituído, mediante a lei orgânica n° 3.985, o Dia do Rio Claro – 30 de maio, o dia escolhido antecede ao Aniversário de Jataí. Essa lei tem por objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da recuperação da mata ciliar e do controle da poluição as suas margens.

Que nesse dia possamos analisar as relações estabelecidas com o Rio Claro de forma crítica, reflexiva, contudo atuante e constatar que a sua importância vai muito além da econômica. Além de garantir a disponibilidade de água, em qualidade e quantidade, tanto para a população jataiense como para os municípios a jusante é também o momento de refletirmos, agirmos e exigirmos políticas públicas que viabilizem a preservação e proteção da biodiversidade, a recuperação e preservação das matas ciliares e a criação de corredores ecológicos, ligando as áreas fragmentadas da região e assim contribuir para a manutenção do equilíbrio ecológico e a saúde do rio.

 

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